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O Que É Um Relacionamento Tântrico?

Tantra, ou Tantrismo, é uma tradição esotérica com suas origens na atual Índia e Caxemira. De maneira mais estruturada, como um movimento cultural, o Tantra surge aproximadamente nos anos 500 dc, mas há evidências de ideias da tradição tântrica em ensinamentos bem mais antigos. 


Para o Tantra, toda e qualquer prática em que o ser humano se engaje oferece a oportunidade da transformação. Tudo no universo está em um estado constante de transformação e evolução, de uma forma de energia para outra. A mente e o corpo humano também são formados por energias. Através da prática do Tantra, todas as nossas energias - desde as mais sutis até as mais facilmente acessadas - são aproveitadas para atingir os estados de transformação. Para o Tantra, a energia que proverá os recursos necessários para trazer as mais profundas transformações está constantemente disponível: trata-se da energia dos nossos desejos. Essa é a energia básica, a energia vital!


Através desta energia vital, experimentamos a oportunidade de estarmos em estado de presença com aquilo que é real. 


O Tantra é o caminho da celebração da existência, de aceitação da nossa condição de seres em constante processo de evolução e do compromisso inabalável com o autoconhecimento. A tomada de consciência sobre quem somos e o que precisamos é um fator essencial para uma vida tântrica. 


Então, cabe a pergunta: o que é um relacionamento tântrico?

O Tantra tem a ver com estados de conexão amorosa com quem somos, com o que nos cerca e nos cuida.


Osho diz que o Tantra é o caminho da aceitação, entendendo que somos seres perfeitos mas em constante transformação. Nessa perfeição cabem perfeitamente os nossos medos, nossas dores, nossa culpa, nossa vergonha, nossa desconexão de nós mesmos, nossa raiva, nossa angústia e todas as manifestações energéticas que nos acompanham em nosso processo de vida.


Um relacionamento tântrico é a escolha de duas pessoas em estarem juntas neste processo de transformação, compartilhando movimentos de tomada de consciência, testemunhando e estimulando a pulsação energética e experimentando juntos o aprofundamento que estas experiências oferecem. 


O tantra tem tudo a ver com o crescimento do amor e da consciência, e um relacionamento tântrico reflete isso. Os parceiros tântricos estão comprometidos em ser tão conscientes quanto possível. Eles se ajudam mutuamente, seja com a respiração consciente ou com o sexo consciente. Em um relacionamento “normal”, vemos muitas projeções inconscientes no parceiro. Projeções de medos, de dores antigas ou de emoções reprimidas. Nas relações tântricas, essa forma de espelhamento é reconhecida e, em vez disso, é o início do crescimento pessoal.


Parceiros tântricos não tentam consertar um ao outro, não tentam moldar um ao outro às suas próprias necessidades. Parceiros tântricos escolhem fluir um com o outro.


Em vez de julgamento, há aceitação do que é diferente entre parceiros tântricos. Os parceiros tântricos fazem uma jornada espiritual a partir da movimentação energética proporcionada pela relação. E, é claro, a sexualidade tântrica faz parte dessa jornada. Uma jornada para desfrutar e aprofundar.


Parceiros tântricos se envolvem em práticas que despertam a energia corporal. Afinal, o tantra usa o ato sexual para tornar a pessoa total, e isso é bastante especial quando a outra pessoa é alguém com quem você compartilha uma construção da intimidade.


O senso comum trata a finalidade da sexualidade tântrica como sendo a busca por permanecer mais tempo na atividade sexual e a busca por prazer mais intenso. Na verdade, isso é apenas a consequência da abordagem tântrica. A finalidade principal da sexualidade tântrica é elevar a energia sexual, em vez de prosseguir o caminho normal das relações que se apressa para chegar ao orgasmo, tratando este como sendo o balizador da experiência, e por consequência movimentando pouca energia criando experiências baseadas em esforço e controle.


Como diz o Osho: parceiros tântricos “não usam o ato sexual como um meio para chegar a algum lugar, ele é o fim em si mesmo.”


Podemos então dizer que um relacionamento tântrico tem em sua base estes elementos abaixo e outros que não estão na lista:

  • A busca por tomada de consciência em todos os aspectos da relação

  • A aceitação sem julgamento do outro

  • A comunicação aberta e sincera sobre as suas necessidades

  • A busca por manter vibrante e acesa a centelha da sexualidade

  • A inserção no cotidiano da relação de práticas que ativam e movimentam a energia vital

  • Um olhar desrepressor sobre a busca pelo desejo

  • O desapego em relação a metas, dogmas e verdades pré-estabelecidas

  • O culto à impermanência das coisas

  • A abertura para o desconhecido, sejam sensações, comportamentos, compreensões ou maneiras de estar no mundo

  • Respeito à sacralidade do corpo


Parceiros tântricos enxergam a si e a seus parceiros como seres divinos, que não pertencem um ao outro e que buscam se conectar no nível mais profundo de intimidade possível.



Escrito por Osmar Shantideva







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